Continuando com os processos de recalque nas três neuroses, vamos agora para a Histeria de conversão, na qual Freud aponta para uma diferença importante no processo do recalque.
Aqui diferentemente da Histeria de medo onde o que é recalcado é a representação, o processo do recalque proporciona um completo desaparecimento do afeto. Dessa forma o paciente apresenta um estado que, segundo Freud, Charcot denominou de la belle indifférence des hystériques. Indiferença no sentido de que os sintomas, como as clássicas paralisias de membros, não chegam sequer a incomodar o paciente.
Outra maneira, que não obtém tanto sucesso quanto a primeira, ocorre quando alguma parte do afeto se liga ao sintoma, ou há uma liberação parcial de medo. Nesse caso a parte representacional do representante pulsional [a representação] é completamente privada da consciência. No lugar desta representação “(...) como um substituto - e ao mesmo tempo como um sintoma - temos uma inervação surperforte (em casos típicos, uma inervação somática), às vezes de natureza sensorial, às vezes, motora, quer como uma excitação, quer como uma inibição” (Freud, 1915/1974, p.180). Por meio do processo de condensação essa área superinervada, uma parcela do próprio representante pulsional recalcado, age atraindo todo o seu investimento.
No que se refere ao êxito do recalque na Histeria de conversão, podemos considerá-lo em dois aspectos: em um primeiro, podemos considerar falho pelo fato de que fica-se buscando uma grande quantidade de substitutos no corpo (em sua maioria) para aquilo que foi recalcado; por outro lado, podemos considerar o recalque na histeria de conversão alcançando êxito pelo fato de que “(...) o processo do recalque é completado pela formação do sintoma, e não precisa, como na histeria de medo, continuar até uma segunda fase – ou antes, rigorosamente falando, continuar interminavelmente. (Freud, 1915/1974, p.180).
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